segunda-feira, novembro 20, 2006

Tonhão



Vi uns flashes da estréia de 'Antônia', a mais nova produção mezzo-cinema-mezzo-TV na linha 'Cidade dos Homens'. Particularmente, acho louvável essa temática na TV. Esse é um público que precisa se ver, no sentido literal, e se ver representado na dramaturgia. A máxima do Joãozinho Trinta - de que 'pobre gosta de luxo e quem gosta de miséria é intelectual'´- só vale mesmo para o carnaval. Nossos novelistas (ou roteiristas de novelas, esqueci o termo correto agora) nunca passaram para o outro lado do Túnel Rebouças e só conhecem a miséria pelas páginas da National Geografic, que eles compram na Argumento do Leblon.

O foco dessa vez são quatro garotas da Brasilândia (ou Vila Brasilândia, sei lá) que formam um quarteto hip-hop. Abre parênteses. Hip-hop é o fundo do poço para a nossa cultura popular. Tirando o D2, que foi feliz em acrescentar o samba nessa receita, não dá para misturar nem hip nem hop à expressão ‘música brasileira’ numa mesma frase sem torná-la incoerente. Fecha parênteses. Mas o cenário existe e virou pano de fundo dessa mini-série. As quatro intérpretes são lindas e emprestam sinceridade e naturalidade aos seus papéis. Destaque para as coadjuvantes Sandra de Sá e a menininha, filha da Negra Li. As 2 músicas do grupo Antônia foram compostas na medida para grudar nos ouvidos e fazer a alegria dos pirateiros nas esquinas dos grandes centros e nos E-mule da vida. Mas, não há como negar, houve uma overdose: em um capítulo de uns 20 minutos, a mesma música tocou mais de 10 vezes (não contei, mas foi por aí). Algo me diz que elas, a partir do segundo programa, vão começar a dar no saco. O figurino estilo ‘Beyoncée + Sheena Easton’ também foi demais pra cabeça.

Para quem não sabe, a série é a ‘continuação’ do filme homônimo da diretora Tata Amaral. Só que, numa jogada ardilosa da Vênus Platinada, o filme, que iria estrear antes, foi sabotado para que a série fosse ao ar no buraco de programação que existe logo após o Globo Repórter. Resultado: quando o filme – agora um ‘prequel’ – estrear, a música tema já vai estar tão saturada que ninguém vai querer ver mais duas horas de ‘ô ô, Antônia vida’...

Fora isso, o programa é acima da média e merece uma conferida.

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