quarta-feira, setembro 21, 2005

As aventuras de um suburbano na zoropa


Em 2001, Leonardo realizou um sonho. Aliás, ‘O’ sonho: reuniu sua banda de H.C. e embarcou para a Europa, onde passou 80 dias rodando, tocando e seguindo os preceitos punk do “faça você mesmo”.

A figura em questão é mais conhecida como Leonardo Panço, que além de ser CEO de selo independente é jornalista de hábitos noturnos, zineiro pré-histórico, cronista de ônibus, guitarrista autodidata, lenda viva do underground carioca e dono da banda Jason. E agora ‘resolveu que é escritor’, como está na orelha do seu livro “Jason 2001: uma odisséia na Europa”.

Imagine um sujeito que sai da Vila da Penha, encara trocentas horas de vôo, completamente apertado na terceira classe de um avião, e desembarca em Zurique com instrumentos, pouco dinheiro, muita disposição e dezenas de shows pré-agendados via internet em 12 países do continente europeu. Essa é a premissa da aventura, contada em forma de diário.

Uma odisséia na Europa” é um legítimo road-book. Um Easy Rider numa van velha, lotada de barbados sem grana e sem banho. Apesar disso não cheirar muito bem à primeira vista, Panço transforma o ‘programa de índio’ num relato divertido e ilustrado, com momentos bem engraçados e alguns meio tensos. Como os dias em que o desmiolado vocalista Heron quase morreu afogado num rio ultragelado da Eslovênia e um ataque dos temidos skinheads era esperado durante o show num squat.

No final das contas, a viagem foi uma corrida contra o tempo e a favor do velho sonho rock’n’roll, com muitas descobertas, personagens bizarros (e reais), línguas incompreensíveis e quase nenhum horário na agenda para atividades turísticas. Tudo foi escrito meio às pressas, nos intervalos dos shows, no balanço da van. Bem cru, bem legítimo e bem punk. E de quebra ainda tem as tiradas impagáveis do Panço, com seu ‘mal humor’ típico.

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