sexta-feira, setembro 16, 2005

Publicitando


Lá no post inaugural deste blog, escrevi:

(...) “baseei toda a minha carreira profissional na capacidade que tenho de traduzir idéias em palavras. Mas sempre idéias dos outros.”

Ao reler o texto, percebi que não me expressei bem. O trabalho criativo viabiliza a geração de idéias e conceitos para transmitir uma mensagem. E para isso os publicitários utilizam informações e comandos que vêm numa coisa chamada briefing - que muita gente que trabalha em agência pensa que sabe o que é, mas na verdade não tem a mínima idéia.

Fulaninho chega para a criação, diz que “o cliente quer uma peça clean, com uma chamada bem agressiva” e vai dormir tranqüilo à noite achando que isso é um briefing. Primeira regrinha: é ‘de boca’, não é briefing.

Isso acontece demais em agências menores e até nas de médio porte, mas principalmente nas que focam em mídia e produção. As conseqüências são a banalização da atividade criativa, a adequação do trabalho à ‘imensa sabedoria’ de clientes que os atendimentos não sabem domar, a insatisfação geral.

Nós, redatores, sofremos mais com isso. “Faz aê rapidinho uma frase qualquer! Mas tem que ter as palavras ‘promoção’, ‘imperdível’, ‘preço baixo’ e ‘ Shoshooleebeiçolah’, ok?”. Nem precisa ter cérebro para fazer isso. E depois ainda vem o diretor de arte dizer que a frase tá muito grande, não cabe no layout, e que ‘cortou algumas palavrinhas’ por conta própria...

Resumindo: quando não se tem briefing e nem respeito com o profissional de criação, as idéias já vêm prontas, são processadas com descaso, empurradas com a barriga e acabam virando lixo. Assim como o dinheiro do cliente.

Na foto: um briefing, peça extremamente rara em algumas agências.

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