segunda-feira, outubro 03, 2005

Pintura íntima


Beto Brant fez um filme cabeça. Sim, o responsável pelas pedradas “Os Matadores”, “Ação Entre Amigos” e “O Invasor” (três exemplos recentes de que é possível produzir no Brasil bons filmes do gênero ‘policial-dramático com toques de suspense’) fez Crime Delicado, um filme cabeça. Isso é bom? É ruim? Não sei, só sei que foi assim.

O meu eu-crítico ficou meio chocado. A experiência de ser surpreendido – ou seja, esperar uma coisa e levar outra – foi traumática. O meu eu-espectador dormiu profundamente.

Um crítico de teatro (Marco Ricca) conhece no bar uma mulher deficiente que, tal como o Dirceu para o Jefferson, desperta os seus ‘instintos mais primitivos’. Só que a perneta tem uma relação meio de concubinato com um artista plástico mais velho, que a usa como modelo para suas telas pornográficas. Viu o que eu disse? Lendo essa sinopse você até pode pensar que se trata de um bom e velho filme do Brant. Mas não é.

Mesmo assim, não posso ser injusto com o mais novo trabalho do competente diretor. Só não tem a mesma dinâmica dos filmes anteriores. Talvez não tenha dinâmica alguma. Certas seqüências, arrastadérrimas (como os quase 20 minutos em que acompanhamos o processo INTEIRO de criação de um quadro), não justificam os fins. Mas nada lá é sem sentido. Os fãs de Julio Bressane vão gostar.

Atualizando: acabo de encontrar este resumo do livro ‘Um Crime Delicado’, de Sérgio Sant’Anna, no qual o filme foi baseado. Vale a pena ler!


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