segunda-feira, outubro 24, 2005

Uma escolha, uma renúncia

“Todo homem luta com mais bravura por seus interesses do que por seus direitos”.
Napoleão Bonaparte

Votei SIM no referendo de ontem. Nunca gostei de armas, nem dessa gente dodói da cabeça que cresce e vira homem com uma máquina da morte nas mãos. Votei porque não suporto a cultura da violência, que alguns tentam legitimar e disfarçar sob o manto da legítima defesa. Mas meu voto não foi 100% consciente.

Acompanhei com atenção as duas campanhas, cheias de argumentos rasos e estatísticas duvidosas. O pessoal do SIM dizia que era a opção da Paz, como se fosse possível fazer alguém dormir tranqüilo com a proibição da venda de armas. Não adianta, o ser humano é ruim de fábrica. Proíbe qualquer coisa aí que, no minuto seguinte, vão aparecer umas duzentas formas de burlar essa proibição. Eliminem todas as armas do mundo e a pedrada no quengo vai ser a nova maior causa de mortes registrada pela OMS. A Paz que os partidários do SIM querem é um conceito que só existe no mundo das idéias e na cabeça dos tolos.

A galera do NÃO questionava: “se estão querendo tirar esse direito de você agora, imagina o que farão depois?”. O único direito que esses piti-coronéis querem mesmo é o de andar por aí largando o dedo geral, de preferência durante brigas idiotas de trânsito, nas portas de boates ou em vizinhos encrenqueiros. O único direito que eu quero é o de não ser importunado e nem ter o rumo da minha vida alterado por manés armados.

Os argumentos do NÃO que valiam a pena partiram de gente que eu respeito e dou crédito. Aí fez-se o quadro: meu coração clamava pelo SIM, minha razão achava que o NÃO daria um caldo e minha consciência registrava empate técnico. Nos 45 do segundo tempo, o craque pulsante deu uma rasteira na massa cinzenta e cravou 2 na urna.

E nada mudou, nada mudará. O tiroteio diário das 23h não será adiado por falta de quorum e as ‘otoridades’ vão continuar cagando quilos pra você. É a festa da democracia, minha gente!

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